Ontem, 11/04/2008, tive o prazer de ouvir e ver um dos grandes mitos do samba carioca. Roberto Silva, alto, porte atlético aos 88 anos de idade completos no último dia 09, 70 anos de profissão, parceiro do cantor das multidões no sobrenome e na potência vocal.
Com apresentações marcadas em dois tradicionais locais de dança pernambucanos, o Clube das Pás e o Batutas de São José, o sambista encantou os freqüentadores, fãs inequívocos da potência vocal e da graça que exprime entre as melodias que saem de sua boca bailando ao ar.
Roberto encantou em uma hora e meia de show, cantando sucessos como Amélia, Escurinho...., entre outros fez a platéia reviver momentos já tão esmaecidos na memória de corpos cansados de guerra. Mas, a despeito dos corpos, do físico e do material, os dançarinos “das Pás” tiveram a oportunidade de deslizar no salão ao som sincopado do repertório escolhido a dedo pelo próprio cantor.
Há que se falar ainda do acompanhamento do Grupo Raízes do Choro que com o bandolim afiado deu os primeiros lampejos da felicidade que iria derramar-se sobre nós durante toda a noite. Belo Xis, sambista pernambucano de safra bem antiga, diga-se, que a tempos vem num incansável e inabalável trabalho de disseminação do samba feito em nosso Estado, abriu a festa para o artista carioca com música conhecida e elogiada por todos os presentes amadores do ritmo cadenciado.
A tietagem percebida foi uma grata surpresa. Saber que o bicho-homem engole seu orgulho e, em nome do amor pelo ídolo, é capaz de atitudes estranhas para conseguir o seu contento: chegar perto do cantor adorado. Com Roberto Silva essa máxima não tem exceção. Ver senhoras idosas ensaiarem verdadeiras declarações amorosas no momento em que tinham a oportunidade de falar com o cantor. Porém, a que se fazer justiça ao dizermos que as declarações amorosas nada têm de pejorativo. O amor alimentado é aquele que se contenta com o toque na pele do ídolo intocável. O Sr. Silva é tocável e bastante acessível.
